QUER SABER SE VOCÊ SOFRE DE INSÔNIA?

 Entrevista Clínica em  Medicina do Sono 


O objetivo desta postagem é ajudá-lo a identificar se você sofre de insônia ou outros distúrbios do sono por meio de uma avaliação clínica simples. Esse processo será dividido em três partes, abordando os seguintes aspectos:

  1. Principal: Identificar as características habituais do seu sono. Isso significa analisar como você dorme normalmente, desde a quantidade de horas de sono até a qualidade desse sono.

  2. Secundários:

    • Identificar as principais queixas relacionadas aos distúrbios do sono: Vamos explorar sintomas comuns como dificuldades para adormecer, despertares frequentes ou sensação de cansaço ao acordar.
    • Avaliar os principais sintomas relacionados aos distúrbios do sono: Além das queixas, é fundamental entender outros sinais, como sonolência diurna excessiva, irritabilidade, ou problemas de concentração, que podem estar ligados à insônia.

Ao final, você terá uma visão clara sobre seus hábitos de sono e saberá se deve procurar um especialista em medicina do sono.

Características Clínicas  do Sono Normal


Para entender se você sofre de insônia ou algum distúrbio do sono, é essencial conhecer suas características habituais de sono. Vamos analisar três pontos principais:

  1. Horário habitual: Deitar X Sono

    • Qual o horário que você costuma deitar e quanto tempo demora para realmente adormecer? O tempo que se passa acordado na cama pode ser um indicativo importante de insônia. Idealmente, a pessoa deve adormecer dentro de 20 a 30 minutos após deitar.
  2. Despertares noturnos

    • Quantas vezes você acorda durante a noite? E, ao despertar, quanto tempo leva para voltar a dormir? Frequentemente acordar durante a noite pode ser um sinal de distúrbio do sono, especialmente se os despertares forem longos ou causarem angústia.
  3. Hábitos diurnos X noturnos

    • Como são seus hábitos ao longo do dia e da noite? Pessoas com padrões irregulares de sono, como trabalhar até tarde ou usar dispositivos eletrônicos antes de dormir, podem estar afetando sua qualidade de sono. Além disso, quem tira longas sonecas durante o dia pode encontrar dificuldades para dormir à noite.

Esses três fatores ajudam a delinear um quadro mais claro do seu padrão de sono, o que é essencial para identificar possíveis distúrbios.

Principais queixas relacionadas ao sono 

Agora que você já analisou suas características de sono normal, é importante observar se você apresenta algumas das principais queixas relacionadas a distúrbios do sono. Esses sintomas podem ser sinais de que há algo mais sério acontecendo. Vamos explorar os seguintes tópicos:

  1. Dificuldade para se iniciar ou manter o sono

    • Você tem dificuldade em adormecer ou acorda no meio da noite e não consegue voltar a dormir? Esse é um dos principais sinais de insônia.
  2. Sono não restaurador

    • Mesmo após uma noite de sono, você sente que o descanso não foi suficiente? Se acorda com sensação de cansaço, seu sono pode não estar sendo restaurador.
  3. Sonolência diurna excessiva

    • Você sente sono durante o dia, a ponto de ter dificuldades para se concentrar ou precisar de cochilos frequentes? Isso pode ser um sinal de distúrbio do sono.
  4. Roncos e pausas respiratórias do sono

    • Você ou alguém próximo já percebeu roncos altos ou pausas na sua respiração enquanto dorme? Esses são sinais clássicos de apneia do sono, um distúrbio grave que afeta a qualidade do sono e a saúde.
  5. Movimentação noturna: simples x complexa

    • Você se mexe muito durante a noite, com movimentos simples como virar de lado ou mais complexos, como falar ou levantar-se? Movimentos excessivos podem indicar distúrbios como a síndrome das pernas inquietas.
  6. Sintomas cognitivos

    • Sua memória, concentração ou raciocínio estão comprometidos? A falta de sono adequado pode prejudicar funções cognitivas importantes.
  7. Sintomas somáticos

    • Seu corpo apresenta sintomas físicos, como dores de cabeça, tensão muscular ou desconforto geral? O sono inadequado pode desencadear reações somáticas.
  8. Sintomas psíquicos

    • Alterações de humor, como irritabilidade, ansiedade ou até depressão, podem estar ligadas a noites mal dormidas. O impacto do sono na saúde mental é significativo.

Se você identificou algum desses sintomas, é importante procurar a ajuda de um profissional de saúde especializado para investigar mais a fundo possíveis distúrbios do sono.

Avaliação de Comorbidades 



A avaliação de comorbidades é fundamental para entender se problemas de saúde preexistentes estão influenciando a qualidade do seu sono. Certas condições podem agravar distúrbios do sono ou serem agravadas por eles. Vamos analisar as principais comorbidades que podem interferir no sono:

  1. Comorbidades Cardiovasculares

    • Problemas como hipertensão, insuficiência cardíaca ou arritmias podem impactar diretamente a qualidade do sono, especialmente em casos de apneia do sono, que está frequentemente associada a doenças cardíacas.
  2. Comorbidades Respiratórias (ORL/Pneumo)

    • Condições como rinite, sinusite, asma e doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) podem prejudicar a respiração durante a noite, levando a despertares frequentes ou a sono fragmentado.
  3. Comorbidades Gastrointestinais

    • Refluxo gastroesofágico é um dos principais problemas digestivos que pode causar desconforto durante o sono, levando a despertares noturnos ou dificuldade em adormecer.
  4. Comorbidades Psiquiátricas

    • Distúrbios como ansiedade, depressão e transtorno bipolar estão fortemente ligados a problemas de sono. A insônia pode ser tanto um sintoma quanto uma consequência dessas condições.
  5. Comorbidades Ortopédicas/Reumatológicas

    • Dores crônicas relacionadas a artrite, artrose ou outros problemas reumatológicos podem dificultar a manutenção de uma noite de sono contínua e reparadora.
  6. Comorbidades Neurológicas

    • Doenças como Parkinson, Alzheimer, epilepsia e esclerose múltipla estão associadas a distúrbios do sono, como insônia, apneia e movimentos involuntários durante a noite.
  7. Comorbidades Endocrinológicas

    • Problemas hormonais, como diabetes e distúrbios da tireoide, podem alterar o padrão de sono. A hipoglicemia noturna, por exemplo, pode causar despertares repentinos.
  8. Drogas Lícitas e Ilícitas/Medicações

    • O uso de substâncias como álcool, cafeína, nicotina e medicamentos (ansiolíticos, antidepressivos, entre outros) pode interferir negativamente na qualidade do sono. Além disso, o uso de drogas ilícitas pode gerar graves distúrbios, como insônia crônica ou sonolência diurna excessiva.

A identificação dessas comorbidades é crucial, pois tratá-las adequadamente pode melhorar consideravelmente a qualidade do sono e reduzir sintomas de distúrbios como a insônia.

Outras avaliações

Além da análise dos sintomas e comorbidades, é importante considerar outros fatores que podem influenciar sua qualidade de sono, como o histórico familiar e social. Essas informações complementares ajudam a obter um quadro mais completo.

  1. História Familiar

    • Investigar se há um histórico familiar de distúrbios do sono, como insônia, apneia ou síndrome das pernas inquietas, pode ser crucial para o diagnóstico. Alguns problemas do sono têm componentes genéticos, e conhecer o padrão de sono dos seus familiares pode oferecer pistas valiosas.
  2. História Social

    • A rotina e o estilo de vida têm grande impacto sobre o sono. Aspectos como trabalho noturno, estresse crônico, uso de eletrônicos antes de dormir, sedentarismo, e consumo de álcool ou cafeína à noite são fatores sociais que podem influenciar negativamente a qualidade do sono. Além disso, mudanças significativas na vida pessoal, como perdas ou problemas financeiros, também podem desencadear distúrbios do sono.

Essas avaliações adicionais, juntamente com as características de sono e comorbidades, ajudam a entender melhor o quadro completo da sua saúde do sono. Assim, é possível identificar potenciais causas e buscar soluções adequadas para melhorar a qualidade do descanso e a saúde geral.

Exame Físico e Exames Complementares 

Para concluir a avaliação completa do seu sono, é necessário realizar um exame físico detalhado e considerar exames complementares. Esses passos são essenciais para identificar problemas físicos que possam estar relacionados a distúrbios do sono.

  1. Exame Físico: Cavidade Oral, Tamanho e Formato das Amígdalas

    • Durante o exame físico, o médico deve observar a cavidade oral, incluindo o tamanho e formato das amígdalas. Amígdalas aumentadas ou outros bloqueios nas vias aéreas podem ser fatores que contribuem para apneia do sono. Além disso, o formato da mandíbula e a língua também são importantes para avaliar possíveis obstruções que interferem na respiração durante o sono.
  2. Avaliações Complementares

    • Além do exame físico, é comum que o médico avalie o índice de massa corporal (IMC), circunferência do pescoço e pressão arterial, pois esses fatores podem estar associados a distúrbios do sono, como apneia e hipertensão noturna. Sinais de sonolência excessiva ou dificuldades respiratórias também podem ser observados.
  3. Exames Complementares

    • Dependendo dos achados no exame físico e nas avaliações iniciais, pode ser necessário realizar exames complementares, como:
      • Polissonografia: Exame que monitora o sono durante a noite para detectar distúrbios como apneia, insônia, ou movimentos periódicos dos membros.
      • Oximetria de Pulso Noturna: Mede os níveis de oxigênio durante o sono, ajudando a identificar apneia do sono.
      • Eletroencefalograma (EEG): Para avaliar a atividade cerebral durante o sono, especialmente em casos de suspeita de epilepsia noturna.
      • Exames laboratoriais: Como testes hormonais ou glicêmicos, para avaliar distúrbios endócrinos que podem impactar o sono.

Essas avaliações e exames complementares fornecem informações cruciais para um diagnóstico preciso e, quando necessário, guiam o tratamento adequado para melhorar sua qualidade do sono.

Carlos Nascimento
81992228268 whatsapp

Comentários